Foto: Felipe Santos/cearasc.com

Oito anos se passaram da primeira vez em que Richardson Fernandes dos Santos chegou ao Ceará Sporting Club pela primeira vez. Viril em todos os lances, o volante conquistou a Nação Alvinegra e no Clássico-Rei do último sábado, chegou aos 250 jogos vestindo a camisa do Time do Povo. O cearasc.com bateu um papo com o atleta sobre a trajetória que o camisa 26 construiu no Alvinegro, sonhos com a camisa do Ceará e o sentimento que criou pelo clube. 

cearasc.com: Não há como iniciar essa conversa se não perguntando sobre a sensação de chegar a essa marca pelo Ceará. Qual o sentimento? 

Richardson: "Chega a ser retórico ficar falando sobre a importância do Ceará na minha vida. Acho que, primeiramente, mudou o meu nível de carreira, de patamar como atleta. Eu vim para cá de clube de menor expressão, de menos visibilidade e chegar aqui com uma camisa tão forte, um clube de massa, torcedor tão adepto ao clube foi algo muito especial. Vim aqui para me dedicar, mas nunca foi uma vaidade minha de alcançar marcas assim, mas a história foi acontecendo ao natural. Esse laço entre mim e o clube foi uma coisa muito positiva logo de primeira vista, então fico muito feliz". 

cearasc.com: Qual a primeira lembrança que você tem do dia que chegou ao Ceará? Quem te recepecionou? 

Richardson: "Primeiro, eu lembro da responsabilidade Eu vim com o sentimento de, como eu falei, de mudar realmente o meu patamar de carreira. Eu sabia que era uma responsabilidade muito grande vestir a camisa do Ceará e eu vinha sendo contratado como aposta de clube menor e sabia que eu ia ter que lutar por uma oportunidade. Quando eu cheguei aqui, eu lembro que eu fui recebido pelo gerente da época e eu fui muito bem recebido por todos". 

cearasc.com: A emoção e a sensação de entrar em campo hoje é a mesma da primeira vez que você jogou com essa camisa?

Richardson: "A sensação é sempre parecida, é sempre única, vestir essa camisa é muito especial. Responsabilidade é a mesma, cara, do primeiro ao 250. É uma mix de emoções, porque a gente sabe que, dependendo da situação, o torcedor é muito exigente também, às vezes cobra muito durante o jogo e no pós-jogo. Depois quando a gente consegue a vitória, é uma sensação de tranquilidade, de poder ser reconhecido pelo trabalho que está sendo feito. Então é um mix de emoções, de muita responsabilidade, mas de muita gratidão por tudo que tem acontecido aqui".

cearasc.com: Qual o momento mais marcante desses 250 jogos?

Richardson: "Acredito que a Copa do Nordeste do ano passado, 2023. Eu estava vivendo um momento difícil com a minha família. Eu estava com meu filhinho doente e por ser Clássico-Rei na semifinal, acho que nesse momento, hoje, eu consigo colocar como mais marcante. Na véspera do jogo, tive que sair da concentração para levá-lo para o hospital, achei que não jogaria, mas consegui jogar, a gente classificou e terminou campeão". 

cearasc.com: Todos falam da sua entrega no Clássico-Rei e quis o destino que os 250 jogos fossem nesse confronto. Ganha ainda mais simbolismo?

Richardson: "É sempre importante, eu acho que a rivalidade a gente vê quando vive bastante tempo na cidade. Nisso, a gente vê o fanatismo e a rivalidade das torcidas. Eu nunca escondi que sempre gosto de estar jogando em jogos grandes contra adversários fortes. E o Clássico-Rei é isso, a gente sabe de toda a tensão que envolve, todo o clima que antecede o jogo, o pós-jogo, depois de uma vitória, também é uma sensação única. Então, é muito marcante ser em Clássico-Rei, esse número tão específico de jogos, principalmente por se tratar de uma final de campeonato".

cearasc.com: No vestiário, você fala muito sobre a identidade do Ceará, o que o time precisa ter e fazer, mas e se fosse pra falar sobre a SUA identidade? Como o Richardson se define?

Richardson: "É difícil você falar de você mesmo, mas, como profissional, eu tento sempre dar o meu máximo para, quando eu tiver a oportunidade de estar em campo, possa dar o meu melhor. Me vejo como um cara resiliente, que acredita sempre até o final e se eu estou chegando em uma marca tão expressiva é porque eu não desisti lá atrás. O que me caracteriza é sempre entregar o meu máximo e poder ir para casa tranquilo por ter feito isso, para mim, é o mais gratificante". 

cearasc.com: Se pudesse definir tudo isso em uma palavra, qual seria?

Richardson: "Eu fico com resiliência. Eu nunca desisti, tive momentos da minha carreira difíceis para chegar em um clube como o Ceará, aprendi a  nunca me colocar em dúvida por falar externas e a continuar trabalhando porque, quando Deus coloca a mão, a gente planta tudo aquilo que foi plantado".